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Curso Núbia, Axum e Etiópia

A contestação do passado científico e tecnológico dos africanos e o exagero das características “fantasiosas” de populações desse continente foi, certamente, uma das principais proezas do eurocentrismo. Observamos, ainda nos dias de hoje, a autoestima da população africana e descendente muito frágil, em razão da escravidão, racismo, colonialismo, genocídio, partilha do continente e do processo de descolonização.

Pesquisadores brancos europeus reproduziram para o resto do mundo que o povo africano não cooperou de forma alguma para a composição do saber universal. O continente Africano é visto a todo o momento como um lugar aonde a civilização ainda não chegou, cujos moradores, em geral, apresentam-se como seres selvagens, repugnantes, debilitados, imorais e, por isso, incapacitados de edificar ou propagar qualquer tipo de conhecimento válido.

Muitos não sabem que a África é um continente antigo e muito menos o quanto é bem localizado geograficamente e que a população que ali vivia, e vive, tem história. A origem da humanidade começa na África, grandes reinos africanos ali imperavam com um senso de comando e organização notável; baseando-se em uma ordem de clãs, de linhagem, por classificação de idade e ainda por unidades políticas, sob várias formas. Diversos reinos surgiram em suas terras como o Império Ajuran, Império Bachuezi, D’mt, Sultanato Adal, Alodia, Sultanato Warsangali, Reino Buganda, Reino de Nri, cultura Nok, Império Mali, Estado Borno, Império Songai, Império Benin, Império Oyo, Reino de Lunda (Punu-yaka), Império Ashanti, Império Gana, Reinos Mossi, Império Mutapa, Reino de Mapungubue, Reino de Sine, Reino de Senar, Reino de Saloum, Reino de Baol, Reino de Caior, Reino do Zimbábue, Reino do Kongo, Império de Caabu, Reino de Ilê Ifé, Cartago, Numídia, Mauritânia e Império Axumita.

A dificuldade em desconstruir essas inverdades a respeito dos povos africanos é complexa, pois existe uma visão, sempre de sentido pejorativo, preconceituoso, sobre o continente africano. É como se tudo de ruim estivesse lá (selvagens, escravos, doenças, fome, guerras, desastres naturais…). O fato de a História oficial da humanidade ser baseada nos padrões europeus, ou seja, eurocêntricos, nos distancia de uma visão otimista e impede a identificação dos traços do passado intelectual e científico desses povos em nossa realidade.

Observamos na escrita da história que a maioria dos pesquisadores sobre o tema “África” ainda persistem no modelo da história oficial. O africano é o diferente, e lidar com isso é muito difícil para quem acredita que a cor da pele é o que prevalece em termos de sabedoria, ou melhor, de tudo. A visão do outro, é um fator muito significativo em termos de dominação, ela cria estratégias para tal através do preconceito e da crença de que a brancura é sinal de aptidão e inteligência.

Felizmente, existe um movimento revisionista e de debate dessa “hipotética” história oficial. São cientistas e historiadores, preocupados em quebrar os paradigmas tradicionais preconceituosos da análise histórica. Através de pesquisas percebeu-se que o continente Africano esteve sempre à frente do crescimento da humanidade. Foram encontrados, no continente, vários sítios arqueológicos, demonstrando assim a existência dos povos africanos há mais de 300 mil anos naquela região. De lá surgiu o que muitos chamam de primeira civilização humana: o Egito, com todo mistério, fascínio e incredulidade que perpassa os tempos.

Quem teria a capacidade e a inteligência de construir obras tão magníficas como as pirâmides? Quem detinha tanto conhecimento na arquitetura, matemática, astronomia? Dominava as cheias do Rio Nilo, sabendo aproveitar-se delas para uma excelente colheita? Um povo de pele negra? Jamais, eles eram inaptos na visão branca, assim o eurocentrismo exibiu a civilização egípcia (kmt) como sendo a de um povo branco, todavia, historiadores revisionistas já se manifestaram e comprovaram que se tratava de povos de pele negra; certamente constituídos de uma mescla de vários povos africanos existentes ao sul e norte do vale do rio Nilo (Hapi).

E por falar em mistura, mescla, não podemos esquecer que somos frutos do encontro da diversidade de grupos étnicos ameríndios, asiáticos, europeus e africanos. Como brasileiros, devemos ser conscientes de que a história da África e a história do Brasil são intimamente ligadas, e o resgate histórico do continente Africano se faz necessário.

Programa do curso Núbia, Axum e Etiópia:

1. Terra de Punt
2. Núbia Cristã:
3. Macuria
4. Nobadia
5. Alodia
6. Núbia islâmica:
7. Reino de Senar
8. Axum
9. O Império Axumita e a Igreja Etíope
10. Axum e Islã
11. Massacre de Maryam Ts’iyon
12. Etiópia
13. Etimologia
14. Nome em línguas nacionais
15. História
16. Pré-história
17. Antiguidade
18. Durante a era de Maomé